Instalada em uma casa modernista em São Paulo, esta série de esculturas e intervenções espaciais explora a tensão entre os ideais da arquitetura moderna e processos orgânicos da criação de objetos. Cada peça reflete a negociação entre controle e colapso, ordem e decadência. Na antiga garagem, partes torcidas e enferrujadas de um recente acidente de carro dividem espaço com estruturas rígidas de aço. A luz nesse ambiente é filtrada por uma rede translúcida vermelha, comumente utilizada na agricultura para proteção climática de estufas.
Na piscina vazia, uma poça de tinta nanquim se dilui lentamente, misturando-se com a pouca água da chuva que se acumula ao longo da exposição. Já no jardim, serpentinas de ar-condicionado quebradas evocam o ciclo implacável de substituições necessárias para lidar com o superaquecimento. Essa paisagem desolada ressalta a tensão arquitetônica entre a preservação de sua condição original e as pressões de um clima cada vez mais impactado pelas altas temperaturas e pelos longos períodos de estiagem na capital paulistana.