A obra intervém nas operações cotidianas do espaço de arte, borrando as fronteiras entre o público e o privado ao investigar como a instituição lida com seu lixo. Resíduos orgânicos gerados por funcionários e visitantes são reunidos para alimentar a escultura, onde minhocas e microrganismos decompõe o material ao longo da exposição, dentro de uma estrutura de concreto. Atuando como um sistema de compostagem comunitário, a escultura converte restos do trabalho cultural em energia, transformando o resíduo em fertilizante.
O trabalho foi originalmente comissionado para a exposição Shelter or Playground no MAK Center for Art and Architecture, em Los Angeles. Inspirada no poema gerado por computador The House of Dust, da artista Fluxus Alison Knowles, a exposição usava a Schindler House — onde o MAK está localizado — como ponto de partida para refletir sobre a noção de hospitalidade.
O artista identificou uma divisão clara na Schindler House, que funciona simultaneamente como antiga residência do arquiteto Rudolph Schindler, ainda mantida por sua família, e como o MAK Center, um espaço de arte instalado dentro deste ícone arquitetônico de Los Angeles. Para explorar essa divisão, o artista decidiu trabalhar com as únicas pessoas que conectam esses dois espaços: um casal mexicano, os zeladores encarregados pela família Schindler que moram e cuidam da casa.
Metabolismo foi instalado no jardim onde o casal cultiva diferentes tipos de ervas e temperos para uso pessoal. Visitantes e vizinhos eram convidados a pegar sacolas recicláveis na recepção do espaço de arte e levar seus resíduos até a escultura.
Na iteração seguinte da obra, apresentada no Espaço Cultural Porto Seguro, em São Paulo, a peça tomou um rumo diferente. Todas as funções operacionais do espaço, incluindo a gestão de lixo, eram terceirizadas para empresas especializadas. O artista enfrentou dificuldades em negociar com diferentes partes para trazer os resíduos ao espaço expositivo. A resistência e a complexidade em lidar com o lixo da instituição foram reveladoras, destacando outros modos de hospitalidade neoliberal operando dentro de instituições culturais.